Babesiose
Temida,
com razão, por todos os proprietários de cães, a babesiose ou piroplasmose, como
também era designada pelos veterinários, pode ser mortal. Embora seja possível
curá-la, é melhor preveni-la, como tantas outras doenças.
Transmitida
pelos carrapatos, a babesiose (antigamente denominada piroplasmose ou também "nambiuvu")
é uma doença do sangue causada pela Babesia canis, um protozoário que
parasita os glóbulos vermelhos e os destrói, multiplicando-se. Portanto, a
doença é acompanhada de anemia (anemia hemolítica). Pode ser mortal.
Os
carrapatos preferem os climas quentes e úmidos, como o da bacia mediterrânea ou
dos Trópicos, onde se encontra a maioria das setenta espécies conhecidas. No
Brasil, a babesiose é bastante comum nos estados do Nordeste brasileiro, e menos
comum nos do Sul e Sudeste
Cuidados com os
carrapatos
O
Rhipicephalus sanguineus é o popular carrapato do cão. Entretanto,
eventualmente nas chácaras, sítios, fazendas, etc., aonde existam outras
espécies animais (galináceos, eqüinos, porcos, etc.) o cão pode vir a ser
parasitado por outras espécies de carrapatos (Argas miniatus, Dermacentor
nitens). O Rhipicephalus sanineus, de coloração marrom avermelhada, é
muito cosmopolita, além de infestar os cães, ele é encontrado no meio ambiente
(residências, canis, muros, madeirame dos telhados, batente das portas, cascas
de árvores, etc.) Os carrapatos e principalmente seus ovos são muito sensíveis à
incidência dos raios solares e por isso se abrigam nas frestas, buracos,
depressões, etc. O carrapato do cão pode andar sobre o corpo do homem, porém é
incapaz de parasitá-lo.
Pelas
suas características, os carrapatos são parasitas obrigatórios e temporários.
Obrigatórios, porque não podem viver sem o hospedeiro, que lhes proporciona o
sangue necessário para continuarem o seu ciclo de desenvolvimento, uma vez que
se instalaram na sua pele (regiões onde esta é fina: orelhas, pregas do abdômen,
espaços interdigitais). Temporários, pois, quando terminam de chupar o sangue,
os ácaros abandonam o hospedeiro.
Cada
carrapato fêmea adulta é capaz de pôr entre 3.000 e 5.000 ovos, após a postura e
incubação, que ocorrem no meio ambiente, estes ovos irão dar origem às larvas
hexápodes (que possuem 3 pares de patas) que são muito ativas e resistentes.
Elas irão imediatamente procurar um cão para se alimentarem. Depois de uma
ingestão de sangue que pode durar de 3 a 6 dias, a larva repleta solta-se e cai,
e se transforma em uma ninfa aclópode (com 4 pares de patas), esta ninfa por sua
vez também procurará um cão para se alimentar e uma vez saciada cairá e sofrerá
uma nova mudança para se transformar em um adulto jovem sexuado, igualmente
oclópode. Esse jovem por sua vez também irá procurar um cão para se alimentar e
tornar-se adulto. O acasalamento produz-se sobre o hospedeiro, durante a
ingestão de sangue, que pode durar até dez dias. Depois, a fêmea repleta de
sangue parte à procura de um meio favorável para pôr os ovos (solos, celeiros,
buracos nos tetos, etc.).
O carrapato
é infectado quando bebe sangue de um cão doente ou portador crônico e, uma vez
ingeridas as babésias, estas instalam-se, seletivamente, no tecido ovariano dos
carrapatos fêmeas, e contaminam os ovos, onde se multiplicam por divisão
binária. Depois de terem contaminado os vários tecidos das larvas e das ninfas,
os protozoários fixam-se no adulto, principalmente nas glàndulas salivares, onde
se multiplicam ativamente. Esta localização favorece a inoculação das babésias
quando o carrapato se fixa na pele do hospedeiro.
O cão doente
Aos
sintomas, facilmente perceptíveis, e que traduzem uma séria anemia,
acrescentam-se, às vezes, perturbações da coagulação, insuficiência renal aguda
e perturbações nervosas.
Direta ou
indiretamente, a Babesia canis está na origem de todos esses sintomas
que, na falta de tratamento, podem levar à morte. O diagnóstico da babesiose
canina baseia-se na descoberta e na localização do parasita, através de
microscópio, em esfregaços sangüíneos. A doença não confere qualquer imunidade
duradoura e as recaídas podem ser freqüentes deixando, às vezes, graves seqüelas
hepáticas e renais
A Cura
O
tratamento da babesiose comporta dois aspectos. Por um lado, combate o parasita
causador e, por outro, corrige as desordens e complicações produzidas pela
doença.
Atualmente,
os veterinários têm à sua disposição piroplasmicidas capazes de destruir o
parasita. Durante os minutos que se seguem à sua aplicação, podem surgir efeitos
secundários mas que não apresentam qualquer perigo. O tratamento das
complicações da doença, que é indispensável, consiste habitualmente na correção
da insuficiência renal (por diferentes meios, entre os quais a hemodiálise, ou
seja, o rim artificial). As vezes, é necessário tratar as perturbações da
coagulação, a icterícia...
Prevenção
Tanto os
esforços do dono como os do veterinário devem procurar, acima de tudo, prevenir
a doença lutando, por um lado, contra os veículos da babesiose canina, ou seja,
os carrapatos. Na Europa existe uma vacina porém infelizmente ela não é muito
eficaz. A profilaxia sanitãria (luta contra os carrapatos) impõe a
desparasitação, tanto dos lugares contaminados como do próprio animal. Para este
último, dispõe-se de numerosos meios: pós, sprays, banhos antiparasitários,
coleiras, medicamentos orais. Algumas substâncias químicas, geralmente
utilizadas, são tóxicas e têm efeitos secundários. E melhor não utilizar tais
produtos sem a aprovação do veterinário. E muito importante o combate ambiental,
pois assim como as pulgas eles utilizam o cão como fonte de alimentos.
Bastante
eficaz é o emprego de "vassoura de fogo" ou "lança chamas" sobre muros, canis,
estrados, chão, batentes, pois elimina radicalmente todas as fases do parasita.
Sintomas que não
enganam
Algum
carrapato mordeu o seu cão? O mais prudente é observar o animal durante três ou
quatro dias. A doença traduz-se por:
um enorme
abatimento
febre;
grande
cansaço;
urina
escura ("cor de café");
mucosas
de cor amarelada antes de se tornarem "branco de porcelana ".
Coleção
NOSSOS AMIGOS, OS CÃES
Extraído do site www.blacklab.com.br